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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Violão, música e internet - uma combinação harmônica

Video-aulas on-line conquistam jovens que querem aprender a tocar

Adriano foi o primeiro instrutor do Cifra Club.
Foto: facebook.com/adrianoferreirad
“Nossa função é despertar o interesse pela música”. Dessa forma, Adriano Ferreira resume o objetivo dele e de uma equipe de sete professores de violão, guitarra e contrabaixo. Mensalmente, o grupo ministra milhares de aulas, alcançando adolescentes, jovens e adultos de todo o Brasil. E o mais atrativo: o aluno aprende a tocar com a música que mais gosta, gratuitamente.

Estes dados, aparentemente surreais e exagerados, são apenas o reflexo da força de um trabalho coordenado pela internet e redes sociais. Os números citados referem-se ao site Cifra Club. O portal, que pertence ao grupo Studio Sol, desenvolve um trabalho pioneiro com vídeo-aulas profissionais postadas no Youtube há três anos e meio. Com uma média de 25 novas aulas por mês, mais de 880 vídeos estão disponíveis gratuitamente, com instruções detalhadas de como tocar várias músicas, além de aulas teóricas, tira-dúvidas e dicas diversas. Por mês, o site alcança mais de 15 milhões de acessos.

Segundo Adriano, que foi o primeiro instrutor do site e hoje é Gerente do Setor de Vídeo, o público, na maioria adolescente, não só acessa as aulas e aprendem, mas também dão a resposta de várias maneiras. “Nós instrutores somos, às vezes, reconhecidos na rua. O pessoal agradece, cumprimenta. Tem a gente como referência. Já mandaram carta e até vieram nos visitar. E recebemos muitos comentários nas redes sociais”, conta. O guitarrista destaca, ainda, que a metodologia das aulas passa por um método de desenvolvimento contínuo. “Cada mudança, por mínima que pareça, passa por uma rigorosa avaliação. A identidade visual, por exemplo, é de extrema importância. Temos que pensar se o cara vai acessar o vídeo de um computador, sistema Android ou Iphone, por exemplo. E o perfil dos instrutores é voltado para a vídeo-aula”.

Mesmo com o sucesso do trabalho, Ferreira sempre recomenda aos iniciantes que procurem um professor particular. Para ele, uma vídeo-aula pode ser uma ferramenta para escolas de música. “Já recebemos críticas, mas quase sempre sem fundamento. Somos abertos e admitimos quando erramos. Já ouvimos professor dizer que estamos tirando alunos deles. Não concorremos com eles, mas agregamos”, esclarece.

O estudante mineiro Antônio Chagas (26), espectador frequente das vídeo-aulas, conta que é muito prazeroso aprender alguma música e dividir o conhecimento com os amigos. “É ótima a sensação de mostrar para alguém que você pegou a música igual ao CD", explica.


Música e educação

No grupo Studio Sol desde 2009, Leandro Eymard escreveu uma monografia sobre o trabalho de vídeo-aulas, em que ele também analisa a própria formação. Ele se considera autodidata por ter aprendido música ainda na infância, por influência dos pais e pela própria curiosidade. Mas, neste ano, formou-se em Música na Universidade Federal de Minas Gerais. Além de instrutor no Cifra Club, Eymard toca na noite, atividade que exerce desde os 15 anos. Sobre as vídeo-aulas, ele destaca a aproximação do professor com o aluno. “Nossa proposta é ensinar como se fossemos amigos dos internautas. Queremos aproximar o professor do aluno. É um bate papo. Você está na casa dele, para ensinar a música que ele quer, quantas vezes ele quiser”.


Auto considerado como eclético, quando o assunto é gosto musical, Leandro comemora a lei federal nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deve ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “Acredito que a criança terá melhor intuição, coordenação e sensibilidade. E a música na escola pode gerar cidadãos mais críticos. Isso pode impedir que as pessoas conheçam apenas o que a massa ouve”, reflete.


*No vídeo acima, Leandro Eymard ensina a música "I'm Yours", de Jason Mraz.


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