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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vamos tocar (e fazer) um violão? A arte da Luthieria...!

Apesar do grande mercado de fabricação em série, instrumentos musicais produzidos artesanalmente continuam atrativos
Encontrar o timbre ideal: este é o desejo de todo instrumentista. Apesar de o mercado brasileiro oferecer variados tipos de instrumentos, em todos os preços, nem todos os músicos encontram a perfeição. Por isto, entra em cena o trabalho do luthier, profissional especializado em reformar e fabricar instrumentos musicais por encomenda.

Edgar Bundy pintou "Antonio Stradivari, um famoso luthier italiano
A atividade existe desde o século XVI, período Barroco da Europa Ocidental, quando eram construídos alaúdes para os grandes instrumentistas da época. No Brasil, onde a regulamentação da profissão no Ministério do Trabalho aconteceu apenas na Classificação Brasileira de Ocupações de 2002 (CBO 2002), é constituída basicamente de duas maneiras: a reforma e manutenção de instrumentos de cordas e fabricação artesanal, executada por raro talento. No país, ainda existem poucos cursos de Luthieria, sendo os principais encontrados em São Paulo.
Otton Arruda, de Belo Horizonte, vive e trabalha com a construção de instrumentos de cordas desde os nove anos de idade, com formação autodidata. Devido ao fascínio pela música e curiosidade, Arruda começou a reparar guitarras para amigos da adolescência e hoje, 30 anos depois, fabrica violões, guitarras e contrabaixos para músicos de todo o Brasil. Seu trabalho abrange desde o corte da madeira até os últimos acabamentos. Dentre seus mais de 500 clientes, estão nomes respeitados da música mineira como Wilson Sideral e Kadu Vianna.
Apesar da indústria de instrumentos musicais ter sofrido um grande crescimento nas últimas décadas, principalmente com a China aparecendo como forte importadora deste tipo mercadoria, o experiente luthier acha que sempre haverá espaço para o instrumento artesanal. Ele revela que muitos clientes buscam modelos exclusivos, de performances não encontradas no mercado. “Muitos clientes querem modelos inusitados. Eu consigo fazer excelentes guitarras com um custo muito abaixo do mercado. O músico sonha com um instrumento que, muitas vezes, ele não encontra para comprar pronto. O mercado sempre vai precisar de um Luthier, que fabrica em pequena escala, mas com muita qualidade”, destaca Arruda. Além da fabricação, Otton revelou o desejo de criar um curso de Lutheria em Belo Horizonte, mercado ainda muito modesto na capital mineira.
O crescimento da indústria e fabricação de instrumentos em série não assustou Henrique Utsch. Com apenas 25 anos, o jovem músico e luthier buscou cursos em São Paulo e professores particulares em Minas Gerais para ingressar na profissão que sempre almejou. Sua demanda de encomendas ainda é pequena em relação a profissionais mais experientes. Henrique montou uma empresa de manutenção e fabricação de instrumentos de corda, localizada no centro de Belo Horizonte. De todos os seus trabalhos, ele destaca uma guitarra que foi encomendada pela Coca-Cola, construída exatamente no formado de uma garrafa de refrigerante. “Não é um instrumento muito funcional, mas sim para propaganda, com critérios estéticos”, explica Utsch.
O baixista Felipe Moreira e o cantor Eros Biondini.
Foto: facebook.com/FelipeMoreiraBass
O baixista mineiro Felipe Moreira, que toca com o cantor Eros Biondini, tem preferência por contrabaixos encomendados. “Um instrumento de luthier é de alto nível, com madeiras selecionadas, devidamente armazenada e climatizada e o preço é bem menor do que um instrumento equivalente de uma grande marca”, enfatiza o músico. Mas ele destaca que existe uma desvantagem. “É sempre difícil para um músico que possui um instrumento encomendado revendê-lo, porque nunca irão pagar o preço devido, já que esse não possui uma marca famosa. Comprar um instrumento de luthier é como casamento: ou é para a vida toda, ou vai te dar prejuízo”, explica.
A Luthieria e fabricação artesanal de instrumentos musicais possuem destaque em países da Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, a grande maioria dos profissionais da área trabalha informalmente. Como a profissão foi regulamentada há pouco tempo, não é possível mensurar quantos luthiers fabricantes estão em atividade atualmente.

O conceituado guitarrista Juninho Afram, da banda Oficina G3, utiliza um violão de dois braços feito sob encomenda para um luthier, conforme mostra o vídeo:



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